Massa com ragu de copa lombo… receita contra o friozinho
Passadas as férias, é momento de reorganizar. Pensamentos, projetos, objetivos. Decidimos começar pela casa. Mais do que importantes, pequenas mudanças são fundamentais. Impressionante como o simples ato de trocar uma cômoda de lugar pode fazer tanta diferença. Remexer em armários, jogar o desnecessário fora, desobstruir o caminho para abrir espaço a novidades.
Mas nutrir recordações também faz parte da diversão. E fotos de férias são incríveis para isso. Ouço sempre em casa que quanto mais se olha as fotos das férias, mais legal a viagem parece. Pode ser. Pelo menos é o que acontece com as fotos da Itália. De tantos lugares inesquecíveis, a Toscana tem um sabor especial. A paisagem, a comida, as pessoas, as cidades. Parece que por ali o mundo parou. Não um retrocesso ruim, que leva ao atraso. Um daqueles bons, que te deixa nas nuvens.
Na Toscana, pode escolher qualquer uma. São todas ótimas
A inspiração veio fácil para o almoço da folga. Ainda mais com a companhia da Karla em casa numa rara segunda-feira. Para completar, um friozinho que só ajudou. Bom, não vou ficar entrando nessa discussão de que cariocas não podem ver uma chuva que já tiram o casaco do armário. A segunda-feira chegou a 18°C. Para mim, é friozinho.
Em Siena, fui apresentado ao pappardelle al cinghiale. Massa longa, um pouco mais larga que o fettuccine com ragu de javali. O porco selvagem, com sabor levemente doce e envolto em molho de tomate, completa perfeitamente a massa. Pois o prato se teletransportou para o Rio em versão um pouco mais modesta, mas não menos saborosa, trazido pelas boas lembranças.
Molho denso, um bom parmesão e pão para não desperdiçar um pouquinho de molho sequer
No lugar do javali, porco mesmo. Um bonito pedaço de copa lombo. Para quem não sabe, esta é a ponta do lombo, que emenda com o pescoço do porco. Ou seja, tem a mesma consistência, mas é entremeada de gordura. É excelente para churrasco, mas se tirado o excesso de gordura, fica ótima em ensopados também.
Uma boa marinada de vinho, uma panela de cerâmica e um fogo baixinho. E paciência. Tempo havia de sobra. Afinal, coisas para organizar não faltavam. Era só questão de não se deixar levar pela arrumação e esquecer a panela no fogo. Quase aconteceu. Uma massa de ovos completou o serviço, escorada por uma baguete de massa estalando para não desperdiçar uma gota de molho sequer…e a segunda-feira chuvosa ganhou contornos de tarde ensolarada da Toscana em meio a memórias e espírito renovado.
Só pode ser GULA 